domingo, 1 de setembro de 2013

Cap. 191

Minha filha saiu do quarto e eu suspirei pesadamente. Havia esquecido que a mídia não deixava que fossemos pessoas normais, não sabia como contar aos meus filhos e eles fizeram esse favor pra mim. Arrumei meus filhos e segui para o hospital, Camila foi junto para me ajudar com meus filhos.
Ao chegar ao hospital fomos direto para o quarto onde Vivi estava. Camila não entrou conosco, ficou na porta para me dar liberdade para contar o que havia acontecido aos meus filhos. Os olhos de Zoeh pousaram pesadamente sobre o corpo imóvel da mãe, Ryan apertou minha mãe demonstrando seu receio. Respirei fundo e fiquei conversando com eles.

Bruno: _A mãe de vocês tá dodói, e por isso tá dormindo aqui.
Ryan: _Ela não vai acordar?
Bruno: _Vai, só não sei quando.
Zoeh: _Tô sentindo falta dela.
Bruno: _Fala pra ela. Ela não vai te responder, mas ela tá escutando tudo que a gente tá falando.

Zoeh segurou a mão de Ryan e foram andando até o lado de Vivi, ficaram a olhando por um longo tempo, seus olhares eram entristecidos, senti vontade de chorar ao vê-os tão abalados. Zoeh ficou falando baixinho coisas no ouvido da mãe enquanto seu irmão a abraçava.

Zoeh: _Mamãe, acorda logo. A gente tá sentindo sua falta... (Se debruçou sobre a barriga da mãe) Eu te amo, também te amo irmãozinho.
Ryan: _Mamãe eu amo você!

Zoeh começou a chorar ainda debruçada sobre a mãe, Ryan a abraçava segurando suas lágrimas. Me aproximei dos dois e os afastei do leito. Me abaixei os abraçando até que o choro deles acabasse ou acalmasse. Perguntei se eles queriam ir pra casa e eles afirmara. Quando saímos do quarto vimos Camila encostada no batente da porta, a chamei.

Bruno: _Camila!
Camila: _Oi. Como foi lá?
Bruno: _Eles ficaram meio abalados. Vou levar eles pra casa.
Camila: _Vou ver a Vivi um pouco e depois vou também.
Bruno: _Tá bem!

Me despedi de Camila e segui para a casa do meus pais, queria distrair meus filhos e sabia que lá era o lugar certo. Não precisávamos de mais duas pessoas a beira da depressão em casa, já bastava eu.
Durante o trajeto meus filhos pouco falaram, Zoeh acariciava sua boneca enquanto mantinha o olhar perdido em direção a janela, Ryan dormia com o dedo na boca o que me fez lembrar das vezes em que pegava Vivi fazendo a mesma coisa.
Assim que chegamos à casa da minha família meus filhos se distraíram, me aproveitei disso pra dormir um pouco. Desde que Vivi se acidentou, eu passei a dormir mal, passava tanto tempo no hospital que lá estava virando uma espécie de segunda casa pra mim. Fui acordado quando estava anoitecendo por minha mãe que carregava uma bandeja com lanches para mim.

Regina: _Acorda Biju!
Bruno: _Não quero!
Regina: _Se levanta filho. Você tem que ir pro hospital...
Bruno: _Eu sei, por isso não queria acordar. É triste ver minha mulher em coma.

Era a primeira vez que eu dizia que ela tava em coma com todas as letras. Eu sempre dizia, que ela estava dormindo e dizer aquelas palavras soou de forma pesada.

Regina: _Eu sei que é triste, mas você mesmo disse que quer passar as noites ao lado dela.
Bruno: _Eu quero e vou.
Regina: _Muito bem. Mas coma antes de sair de casa.
Bruno: _Não vem dizer de novo que tô muito magro.
Regina: _Mas você tá mesmo!
Bruno: _Não emagreci tanto assim.
Regina: _Emagreceu sim. Não como nada.
Bruno: _Vou comer. Ah... As crianças podem ficar aqui?
Regina: _Claro.
Bruno: _Obrigado.

Minha mãe sorriu e me deu um beijo na testa e se retirou. Comi um pouco e tomei banho. Ao me olhar no espelho constatei que realmente estava magro, e acabado. Meu rosto estava notavelmente mais fino, com olheiras, barba por fazer, em nada eu parecia o Bruno de antes. Respirei fundo e fui para o hospital.
Ao chegar no hospital notei tudo muito calmo, o que era normal naquele horário, passava das 20h. Entrei no quarto de Vivi e a enfermeira estava aplicando o medicamento dela, a cumprimentei e logo ela saiu. Me aproximei de Vivi e segurei sua mão delicadamente, conversei um pouco com ela.

Bruno: _Oi Môzi. Tô com saudade de você. Gostou da visita de nossos filhos? (Respirei fundo) Acorda amor, você já dormiu demais. Tô com saudade dos seus beijos, das nossas brigas, de tudo... (Suspiro) Volta pra mim!

Beijei levemente os lábios de Vivi e me sentei no sofá do quarto e adormeci minutos depois.
Acordei com os raios de sol entrando pela janela, fui até lá fechar as persianas e voltei ao sofá. Cochilei por alguns minutos até a enfermeira entrar para a primeira dose de remédios do dia que Vivi estava tomando.
Quando cheguei em casa fui direto para meu quarto. Resolvi mexer no computador pra me distrair e vi minha sogra entrar no quarto.

Luma: _Bruno. Eu preciso voltar pra casa. (Disse triste)
Bruno: _Eu sei que queria ficar aqui, mas eu vou cuidar da Vivi.
Luma: _Não duvido. Você tem provado o quanto a ama.
Bruno: _Eu não sabia que podia amar alguém tanto assim.
Luma: _Queria poder ficar aqui até minha filha acordar, mas preciso voltar, tenho trabalho!
Bruno: _Vai, sua vida não pode parar, e eu tô aqui com ela.
Luma: _Isso me conforta. Volto pro Rio hoje à noite.
Bruno: _Não vou te levar no aeroporto porque vou passar a noite no hospital.
Luma: _Tá bem. Vou arrumar minhas coisas.

Minha sogra deu um beijo em meu rosto e foi arrumar suas malas. E eu fui dormir.
A noite me despedi de minha sogra e voltei para o hospital, dessa vez Leandro foi comigo à pedido de minha mãe que não queria me deixar só a noite toda. Ficamos conversando calmamente enquanto observávamos a serenidade que o rosto de Vivi transmitia.

Leandro: _Cara, você emagreceu tanto quanto a Vivi.
Bruno: _Eu sei.
Leandro: _Não vou poder passar a noite toda com você. Queria ficar aqui com minha cunhadinha. (Sorriu fraco)
Bruno: _Tudo bem. Eu realmente não ligo em ficar sozinho aqui. Aproveito pra pensar, pra tomar decisões.
Leandro: _Tem sido difícil né?
Bruno: _Mais do que qualquer um pode imaginar.

Fiquei conversando com meu irmão até o momento que ele precisou ir embora.
Me sentei ao lado de Vivi e fiquei acariciando seu rosto. Senti lágrimas escorrerem de meus olhos, as enxuguei rapidamente com medo de que Vivi visse, então me dei conta que ela estava em coma. Suspirei alto e dei um selinho em seus lábios. Me acomodei no sofá, minutos depois estava dormindo.
Acordei horas depois ouvindo alguém me chamar baixinho. Abri os olhos lentamente e sorri quando encontrei quem me chamava.

Cont...

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