sábado, 11 de maio de 2013

Cap. 107


Camila: _Como assim? Tem certeza?
Viviana: _Claro que tenho! Nunca fui pra cama com o Renan... Quer dizer, nunca transei com ele, e o último com que fui pra cama foi o Bruno, antes da separação.
Camila: _Mentira!
Viviana: _É sério. Não foi por não tentar, mas nunca consegui, era como se estivesse traindo o Bruno.
Camila: _Porque em momento nenhum você deixou de ama-lo.

Suspirei profundamente e Zoeh, que estava no meu colo se virou, me encarou e passou uma das suas mãos em meu rosto.

Zoeh: _Mamãin... Num chóla!
Viviana: _Tá bem! A mamãe vai parar tá?!

Falei com um meio sorriso e Zoeh afirmou com a cabeça. Fiquei acarinhando o rosto dela enquanto pensava como essa gravidez seria recebida por todos, principalmente por Bruno. Aproveitei as horas da viagem para descansar, dormi boa pare do voo, quando chegamos em Salvador Camila me chamou e fomos para o hotel. Logo que entramos no hotel vi Bianca, a cumprimentei, conversamos um pouco e fui descansar.
No quarto do hotel havia duas camas, coloquei Zoeh na cama e me deitei junto com ela. Ela dormia calmamente, assim como Camila dormia na outra cama, porém eu só chorava de desespero. A gravidez estava de atordoando, não pensei em abortar, mas não tinha condições de ter essa criança, precisava de um meio pra resolver isso e abrtar estava totalmente fora de cogitação. Assim como na gravidez de Zoeh eu chorei ao descobrir, mas dessa vez não foi por medo de ser mãe, mas sim por medo de não ter condições de criar esse filho.
A noite Camila me acordou e me chamou para comer, estava sem fome e sem vontade de fazer nada. Queria chorar até a confusão se resolver em minha mente.

Camila: _Vem comer algo. Você precisa!
Viviana: _Não quero!
Camila: _Você tá carregando uma criança e precisa se alimentar pra ela nascer saudável.
Viviana: _Camila, o que eu faço? (Falei chorando)
Camila: _Já disse pra não ficar triste, ser mão é uma dádiva divina e você sabe disso. Olha só a Zoeh!
Viviana: _Eu amo a Zoeh, e sei que vou aprender a amar essa criança tanto quanto ela. (Disse cariciando a barriga) Mas tô muito confusa com tudo isso.
Camila: _Com calma tudo vai se encaixar. Agora tenta se acalmar porque estresse não faz bem nem pra você nem pra criança.
Viviana: _Obrigada pelo apoio. Por favor não conta pra ninguém.
Camila: _Por enquanto dá pra disfarçar, mas depois vai ficar inevitável.
Viviana: _Eu sei.

Camila me serviu uma fatia de bolo de laranja com um copo de suco de uva, comi sem ânimo. Enquanto lanchava minha filha acordou, terminei de lanchar e a peguei no colo. Fiquei brincando com ela enquanto Camila arrumava as nossas roupas no armário, ela cantava alegremente, dizia estar feliz por saber que em breve teria mais um bebê em nossas vidas. Enquanto cuidava da minha filha Bianca bateu na porta, abri a mesma e a convidei para entrar, nos sentamos e colocamos os papos em dia. Contamos tudo que havia acontecido no ano em que ficamos sem nos falar.

Bianca: _Tanta coisa mudou.
Viviana: _Demais.
Bianca: _Vamos dar uma volta na praia?
Viviana: _Deixa só eu tirar a roupa de dormir.

Entrei no banheiro, lavei o rosto para tirar as marcas adquiridas enquanto dormia e me vesti. Coloquei um casaco em Zoeh, pois iriamos caminhar na beira da praia e estava ventando. Pedi pra Camila ir com a gente e ela foi. Caminhamos conversando na calçada da praia, Zoeh se encantava com tudo que via. Passamos por uma baiana que vendia comidas típicas e decidimos comprar acarajé. Quando cheguei perto o cheiro do óleo de dendê me embrulhou o estômago, corri para um bar que tinha perto e pedi pra usar o banheiro. Vomitei o que eu havia comido a tarde, quando voltei Camila entendeu o que se passava, disse pra Bianca que o cheiro do dendê havia me feito mal e fomos procurar outra coisa para comermos. Entramos numa lanchonete e conversamos enquanto Zoeh brincava.

Bianca: _Realmente o cheiro do dendê é bem forte.
Camila: _A Vivi não tá acostumada. (Falou tentando disfarçar)
Viviana: _Eu ando com crise de estresse desde a separação. E tenho tido mal estar por isso, tem atacado principalmente o meu estômago.
Camila: _Tava até tomando calmante.
Bianca: _Tem muito tempo que a gente não se via, mas do jeito que você amava o Bruno quando a gente morava na França... Você não esqueceu ele.
Viviana: _Pior é que sei disso.
Camila: _E o Bruno também ama a Vivi, só não quer dar o braço a torcer.
Bianca: _Com certeza isso vai se ajeitar.
Viviana: _Muitas pessoas me disseram isso, porém não tenho certeza!
Camila: _Quando menos esperar vocês dois estarão juntos.

Elas ficaram falando que tudo ia se resolver, eu estava de saco cheio desse papo. Há três meses eu ouvia isso de todas as pessoas possíveis e não acontecia de eu me resolver com o Bruno. Estava saturada de ouvir isso e nada acontecer, enquanto elas falavam eu fingia não prestava atenção, apenas afirmava com a cabeça e não pronunciava uma palavra sequer. Ao terminar de lanchar fomos para a beira da praia e nos sentamos na areia da praia, Zoeh passava as mãos na areia fazendo riscos, eu olhava ela brincar e pensava que não seria uma má ideia ter um outro filho pra fazer companhia a ela. Falei para Camila e Bianca que iria até a margem do mar com minha filha e já voltava. Abaixei de modo que meu rosto ficasse na mesma atura do rosto dela e comecei a conversar com ela enquanto gotas de água do mar respingavam em minhas costas.

Viviana: _Zoeh, você queria ter um irmãozinho?
Zoeh: _Xó xe o papai molar junto.
Viviana: _Mas eu tô falando de um irmãozinho e não do papai.
Zoeh: _Quelo um imãozinho, mas xó xe o papai molar junto.

Fiquei pensando na resposta dela enquanto voltava com minha filha no colo. Me sentei ao lado de Camila e Bianca para conversarmos. Meu pensamento estava distante, pouco me concentrava nas coisas que elas falavam eu apenas pensava na minha gravidez. Estávamos voltando para o hotel quando um carro parou ao nosso lado para pedir informações, no rádio do carro tocava KLB.

“Foi assim
Como ver o mar
A primeira vez
Que os meus olhos
Se viram no seu olhar

Não tive a intenção
De me apaixonar
Mera distração e já era
O momento de se gostar

Quando eu dei por mim
Nem tentei fugir
Do visgo que me prendeu
Dentro do seu olhar

Quando eu mergulhei
No azul do mar
Sabia que era amor
E vinha pra ficar”

Segurei minhas lágrimas naquele momento, a música dizia tanto sobre mim que me espantava. Entramos no hotel e fomos para nossos quartos, o quarto de Bianca ficava no quinto andar, o meu e de Camila ficava no sétimo. Entrei no quarto e me joguei na cama, me deitei olhando para o teto fixamente. Camila se sentou do meu lado, colocou minha cabeça no seu colo e ficou fazendo cafuné em mim. Adormeci após alguns minutos, Camila se retirou cuidadosamente, colocou minha cabeça no travesseiro e me cobriu. Acordei meia-noite com o meu telefone tocando, olhei o visor e vi que era Renan, atendi sonolenta e fui cambaleante para o banheiro.

Cont...

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