Quando voltamos pra casa Kiko nos chamou para
sairmos à noite, tinha tempos que não fazíamos isso. Desde que nos tornamos
pais as saídas se tornaram escassas. Nossos filhos já estavam “grandinhos”, o
mais novo era Johnny que estava com dois anos e era alguns meses mais novo que
as gêmeas Maya e Kiara, eles já não davam tanto trabalho e apesar de enérgicos
eram obedientes. Regina e Franco tomariam conta dos netos para que nós
saíssemos.
Antes de sairmos, fiquei um pouco com meus filhos,
dei-lhes janta e fui tomar banho. Enquanto me banhava lembrava das vezes que
fomos a mesma boate que iríamos esta noite. Saí do banho enrolada na toalha,
peguei um dos meus hidratantes corporais, o que Bruno gostava, e espalhei por
minha pela um pouco úmida, seu cheiro era suave e ao mesmo tempo provocante
tinha notas florais levemente amadeiradas, dispensei o perfume, somente a
fragrância que o perfume exalava era suficiente. Sequei meus cabelos os
amassando de forma que leves ondas se formassem por sua extensão, fiz uma maquiagem
reluzente e me vesti de forma sexy sem ser vulgar. Ao terminar de me arrumar
parei diante do espelho me examinando, parecia que eu tinha voltado a 2008
quando conheci Bruno.
Peguei minha bolsa de cima da cama e fui para a
sala onde me esperavam. Ao adentrar o cômodo vi os olhos de Bruno saltarem de
suas órbitas e me examinarem da cabeça aos pés. Me aproximei dele que enlaçou
minha cintura. Fomos andando até os carros e saímos logo em seguida.
Bruno: _Você está linda! (Beijou o dorso de minha
mão)
Viviana: _Obrigada. (Sorri timidamente) Você também
está lindo!
Kiko: _O amor é lindo, mas tem mais gente aqui no
carro.
Patrícia: _Vivi temos um assunto pendente. Não
esqueci.
Viviana: _Ok, ok!
Olhei minha amiga de esguelha pelo retrovisor e
logo soube que ela não desistiria até ter certeza sobre minha suposta gravidez.
Desconversei para não criar clima ruim.
Ao chegarmos à boate fomos para o camarote e
ficamos em uma mesa mais reservada. O hambiente era calmo, luzes baixas e
música numa altura que não era ensurdecedora. Nos sentamos e ficamos
conversando. Antes de começarmos a beber, Patrícia me chamou para ir ao
banheiro.
Patrícia: _Vivi vamos ao banheiro comigo?
Viviana: _Não tô afim, vai você. Naty, vai com ela!
Natália: _Ah... (Falou sem entusiasmo)
Patrícia: _Anda logo Vivi! (Falou em tom
autoritário)
Viviana: _Tá bem!
Me levantei da mesa achando estranha a atitude de
minha amiga, porém não a questionei. Entramos no banheiro sem dizer uma só palavra,
o único som audível era a música que tocava ali. Patrícia verificou um por um
dos reservados e ao constatar que não havia ninguém trancou a porta. Voltou até
a pia e tirou um pacote pequeno de dentro da bolsa me entregando em seguida.
Viviana: _Que isso? (Perguntei confusa)
Patrícia: _Um teste de gravidez.
Viviana: _Não vou fazer isso!
Patrícia: _Ótimo, então passaremos a noite toda
aqui.
Viviana: _Patty, isso tá sem graça. Abre logo a
porta!
Patrícia: _Só saio daqui quando você fizer o teste.
Viviana: _É sério Patty, abre a porta!
Patrícia: _Só depois que você fizer o teste.
Peguei a embalagem com o teste da mão de Patrícia e
fui para um dos reservados com a cara emburrada. Fiz o teste e esperei o
resultado ainda no reservado, pra minha surpresa, ou não, eu estava grávida.
Não fazia ideia do tempo de minha gestação, não tinha barriga e nem indícios a
não ser as indisposições que andava sentindo nos últimos dias. Minha cabeça deu
um nó, não sabia como seria a reação de meus filhos, Bruno iria amar, todos
sabiam da vontade dele de ter mais um filho. Acordei de meus pensamentos com
Patrícia batendo na porta falando pra eu sair.
Patrícia: _Anda Vivi...
Viviana: _Já vou. (Saí do reservado) Toma o
resultado! (Entreguei o exame pra minha amiga) Agora me deixa ir embora.
Patrícia me entregou a chave para que eu pudesse
abrir a porta do banheiro, eu as peguei e me dirigi até a mesma quando minha
amiga segurou meu braço me fazendo ficar de frente para ela.
Viviana: _Que foi? (Falei com a voz vacilante)
Patrícia: _Você vai ser mãe!
Viviana: _É o que diz aí né?!
Patrícia: _E não tá feliz?
Viviana: _Não sei... Não tô triste, mas isso tá
muito confuso!
Patrícia: _Quando chegarmos lá e contarmos vai todo
mundo ficar feliz.
Viviana: _Não... Quero contar pro Bruno primeiro.
Depois contamos pros outros.
Patrícia: _Você decide.
Recebi um abraço de minha amiga e saímos do
banheiro. Ao voltarmos à mesa todos reclamaram de nossa demora, demos a
desculpa o banheiro estava lotado e eles acreditaram. Passamos a noite
conversando, dançando e curtindo a companhia um dos outros, todos faziam isso,
menos eu que só conseguia pensar na gravidez. Tentei me animar dançando,
conversando, Bruno e eu trocamos beijos apaixonados, porém meu pensamento não
mudava, o foco era apenas um. Meu marido ao perceber que eu estava dispersa da
realidade me chamou.
Bruno: _Amor, tá tudo bem?
Viviana: _Tá. Só tô cansada.
Bruno: _Quer ir pra casa?
Viviana: _Não precisa. Você tá curtindo aqui...
Depois vamos.
Bruno: _Se você não quer não precisamos ficar.
Viviana: _Tá bem.
Nos despedimos dos casais que ainda ficaram ali e
voltamos pra casa. Cochilei durante o percurso, acordei quando Bruno estacionou
o carro já no quintal da fazenda. Entramos em casa cuidadosamente com medo de
acordar alguém, silêncio que se fazia presente notamos que todos já dormiam
pelo.
Fomos para o nosso quarto, tomamos banho e nos
deitamos pra dormir. Bruno mantinha seu braço esticado para poder me abraçar
quando eu me deitasse sobre seu peito. Ele afagava meus cabelos de forma lenta
e carinhosa, parecia pensativo, seu respirar ressonava no ambiente pesadamente,
eu me perdia ficou conversando comigo
boa parte da madrugada.
Bruno: _Você tá estranha desde a hora que a Patty
te chamou pra ir ao banheiro. O que aconteceu?
Viviana: _Nada.
Bruno: _Tem certeza?
Viviana: _Não!
Bruno: _Quer me contar o que aconteceu?
Viviana: _Eu... Eu...
Comecei a chorar sentidamente, Bruno ao ver a cena
foi até a cozinha e voltou minutos depois com um copo de água para mim. O tomei
lentamente na esperança de me acalmar, mas o resultado foi quase imperceptível.
Foi abraçada pro meu marido que não disse nada, apenas me abraçou transmitindo
sua segurança, me fez ver que estava comigo, como sempre, independente do que
acontecesse. Assim que me senti mais calma tomei coragem pra contar a ele o que
acontecia, como me sentia e pedir sua ajuda.
Bruno: _Se sente mais calma?
Viviana: _Sim!
Bruno: _Então conta o motivo dessa angústia.
Viviana: _Tô grávida! (Falei de uma vez só antes
que perdesse a coragem)
Bruno: _Tô vendo que tá bem melhor. Tá fazendo até
piadinha.
Viviana: _É sério amor, tô grávida. Você vai ser
papai novamente.
Bruno: _Se isso for uma brincadeira...
Viviana: _Eu jamais iria brincar com algo tão
sério! Óh...
Peguei o teste que havia feito na boate dentro da
minha bolsa e entreguei a Bruno. Que demorou a assimilar a notícia.
Cont...
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