sábado, 6 de julho de 2013

Cap. 158

Sorri para Regina como sinal de concordância e fiquei esperando o julgamento começar. Bruno estava ao meu lado segurando minha mão que suava frio, ele fazia movimentos circulares com seu polegar na palma de minha mão. Me perdi olhando as voltas que seus dedos faziam na pele de minha mão, voltei a mim quando o juiz declarou que a corte estava aberta.
O juiz disse o motivo do processo e cedeu palavra para a acusação. Minha mãe, como nossa advogada argumentou com toda sua convicção sobre o que falava. Contou tudo desde o momento em que comecei a namorar com Lucas até o estupro. Após minha os advogados de acusação e defesa argumentaram, os réus falaram e por fim chegou a minha vez.

Juiz: _Senhora Viviana, é verdade que você namorou o acusado?
Viviana: _Sim.
Juiz: _Conte sobre esse período.
Viviana: _O conheci na escola onde estudávamos. Ambos faziam o último ano do ensino médio, porém em turmas diferentes, e lá começou o namoro depois de um beijo na quadra. No princípio de namoro ele era um príncipe, então no show do KLB ele com ciúmes do Bruno me agrediu.
Juiz: _Qual o motivo da agressão?
Viviana: _Ele achou que eu estava traindo ele com o Bruno, mas até então não tinha acontecido nada entre nós dois. Porém essa atitude dele só me aproximou do Bruno, que é meu marido hoje.
Luma: _O acusado, chegou a dar um soco no olho da minha cliente a fazendo ficar em casa dias por constrangimento.
Juiz: _Isso é verdade?
Viviana: _Sim.
Juiz: _E o sequestro de sua filha?
Viviana: _Foi horrível, uma das piores coisas que aconteceu na minha vida. (Suspirei pesadamente) Eu estava na fazenda da família do meu marido, no momento estava com minha filha e a Camila, que trabalha com a gente. A Camila disse que ia na rua comprar algo pra casa e me entregou minha filha que estava dormindo. Eu iria andar a cavalo com meu marido quando ela voltasse da rua. Coloquei a minha filha na cama para ir ao banheiro que fica dentro do quarto, não fechei a porta do banheiro pra poder escutar se ela chorasse, porém quando voltei ao quarto ela não estava lá.

Comecei a chorar e o juiz pediu para que eu me retirasse, assim fiz me sentando ao lado de Regina que me acarinhou para que eu me acalmasse. O julgamento foi acontecendo civilizadamente, embora os nervos de todos estivarem a flor da pele, principalmente de meu pai. Após a advogada de acusação, minha mãe, mostrar laudos das agressões que eu sofri, mostrar os documentos de queixas à polícia e todos os documentos comprovando tudo, o advogado de defesa debater as queixas sem sucesso.
Quando Bruno foi chamado ele, que até então estava ao meu lado, sussurrou em meu ouvido, “Vai dar tudo certo e eu te amo!”, se levantou e foi até o local onde deveria se sentar. Ele se sentou e então o juiz começou a interroga-lo.

Juiz: _Você conheceu os réus quando e como?
Bruno: _O Lucas eu conheci num show no Rio de Janeiro, foi um dia depois do aniversário da Vivi. A Ester trabalhou lá em casa, a conheci assim, não lembro a data, mas foi um pouco depois da virada de ano. A Mariana eu conheci na minha adolescência, ficamos algumas vezes, mas depois eu perdi o contato, só voltei a ter contato com ela ano passado, mais ou menos em outubro.
Juiz: _Você confirma que namorou a Mariana mesmo sendo casado com a Viviana?
Bruno: _Confesso. Mas eu era casado apenas no papel, pois eu e a Viviana estávamos separados por causa de uma armação da Ester.
Ester: _É MENTIRA DELE! (Falou desesperadamente)
Juiz: _Senhorita Ester, peço que permaneça calada até o momento que sua versão for solicitada!

Vi Ester bufar com a atitude do juiz, ele mantinha a calma parecendo perceber todas as intenções das pessoas envolvidas no julgamento. Bruno continuou contando as coisas que aconteceram conosco, eu sentia meu estômago revirar cada vez que ele dava detalhes de todos os momentos. Me senti fraca naquele momento, queria poder abraçar, beijar, ficar a sós com meu marido, queria sentir a confiança que só ele me passava, mas no momento não podia, tinha que esperar tudo acabar.
Após todos deporem, o juiz me chamou para compor novamente. Olhei para minha mãe antes de me levantar, olhei para meu amigos e familiares e me sentei no banco para depor.

Juiz: _Viviana como aconteceu o estupro?
Viviana: _Foi na virada de ano, a banda do meu marido foi se apresentar da Av. Paulista e eu fui junto, tínhamos acabado de nos reconciliar. Dias antes eu havia descoberto a gravidez do meu filho mais novo, eu iria contar pro Bruno durante o evento.
Juiz: _Como assim grávida? Vocês não estavam separados?
Viviana: _Sim. Engravidei pouco antes de nos separarmos. Nos separamos em outubro e nos reconciliamos em dezembro após o natal.
Juiz: _E como o abuso sexual aconteceu?
Viviana: _Eu (Respirei fundo) estava indo até o camarim pegar o exame pra mostrar pro Bruno que seríamos pais. Quando cheguei lá ouvi a porta bater minutos depois que eu entrei, como eu estava de cabeça baixa só percebi que alguém tinha entrado ali quando a porta bateu. Vi que era Lucas, tentei sair de lá, mas ele havia trancado a porta... (Senti meus olhos marejarem) Tentei fugir dele de todas as formas, porém ele me golpeou me fazendo cair no chão e ali ele começou a fazer tudo. Quando eu tentei me esquivar dele mais uma vez, ele me bateu e arrancou minha roupa...

Senti algo me sufocar, minha vista que estava embaçada pelas lágrimas, escureceu e minutos depois eu desmaiei não lembrando de nada.


(POV Bruno) Vivi estava sendo verdadeira, podia ver o sofrimento em seus olhos. Ela sentia dor ao falar desses assuntos, nós nunca conversávamos sobre eles até o momento. Ouvia seu depoimento a olhado, queria que ela percebesse que eu estava ali com ela. Olhava atentamente suas expressões, seu rosto e corpo se mostravam desconfortáveis, ela olhou para mim e logo em seguida desmaiou caindo no chão. Não pensei duas vezes e fui até ela, apoiei sua cabeça em minhas pernas e segurei seu rosto com as mãos.

Bruno: _Vivi, fala comigo amor!
Juiz: _Chamem o enfermeiro pra acorda-la.
Ester: _Essa nojenta tinha que fazer cena.
Camila: _Olha como fala dela. Ela é uma pessoa incrível, ao contrário de você.
Juiz: _Se acalmem, por favor.

Após alguns minutos Vivi acordou, o juiz optou por continuar o julgamento sem o depoimento dela assim que percebeu o quão abalada ela estava. Todas as testemunhas depuseram sob o olhar atento do juiz e das demais pessoas envolvidas no julgamento. O depoimento mais emocionante foi o de Miguel, ele se controlava pra não deixar a fúria transparecer em seu olhar. Depois de todos os depoimentos o juiz se reuniu com o corpo de júri, ficando lá por alguns minutos.

Viviana: _Biju tô com medo!
Bruno: _Não se preocupe...
Viviana: _Me promete que tudo vai ficar bem?!
Bruno: _Prometo. Tô com você até o fim.
Viviana: _Você me traz segurança.
Bruno: _É porque te amo.
Viviana: _Eu também te amo.

Dei um beijo na testa de Vivi que se encostou em meu ombro, ela acabou cochilando ali. Quando o juiz voltou a sala pediu para nos sentarmos, pois iria dizer o que ele e os jurados haviam decidido. Nos acomodamos nos bancos apreensivos e enfim ele falou seu veredito final.

Juiz: _Analisamos todos os fatos, provas e laudos até chegar a decisão que falarei agora. A ré Mariana; Oito meses pela agressão física e verbal a Viviana, inclusive quando ela estava grávida pondo em risco a vida da criança; Três meses por ameaças feitas ao casal e familiares; E um ano e meio pela tentativa de sequestro ao menor Ryan Rezende Scornavacca. Totalizando dois anos e cinco meses.
Mariana: _Isso não é justo.
Juiz: _Leve a ré. A ré Ester; Seis meses por constrangimento, injúria e agressão verbal; E três anos e nove meses por sequestro e maus tratos contra a menor Zoeh Rezende Scornavacca.
Ester: _Não me arrependo de nada.
Juiz: _E finalmente o réu Luca. Dois anos por diversas agressões físicas e verbais à Viviana; Dois meses por ameaça; Três anos e nove meses por sequestro e maus tratos à menor Zoeh Rezende Scornavacca; Cinco anos por estupro, pondo em risco a vida da Viviana e do feto, já que ela estava grávida. Totalizando dez anos e onze meses.

Cont...

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