Peguei Vivi
no colo e segui para a entrada do pronto socorro. Coloquei Vivi sentada na
cadeira da sala de espera e fui à recepção, comuniquei que era uma emergência e
em alguns minutos um casal de enfermeiros veio com uma cadeira de rodas para
levar Vivi ao consultório. Quando eles estavam se dirigindo ao corredor dos
consultórios ela se manifestou e me chamou.
Viviana:
_Bruno!
Bruno: _Oi
meu amor.
Viviana:
_Desculpa! Não fui forte o suficiente pra me defender!
Bruno: _Olha
aqui, não se culpe. Já disse que você não tem culpa do ocorrido.
Viviana: _Te
amo.
Bruno: _Te
amo muito.
Vivi entrou
no corredor e eu fiquei observando ela se afastar e me sentei no banco de
espera. Fiquei pensando em tudo que havia acontecido, levei as mãos a cabeça,
estava atordoado com tudo que havia acontecido. Acabei adormecendo enquanto
esperava alguma notícia de Vivi. Fui acordado por um dos enfermeiros dizendo
que eu já poderia ver Vivi, me levou até o leito onde ela estava e a vi deitada
vendo TV.
Bruno:
_Amor?!
Viviana:
_Bruno! (Falou aliviada)
Bruno: _Se
sente melhor?
Viviana:
_Fisicamente sim, mas psicologicamente não.
Bruno: _Você
é forte...
A olhava
ternamente enquanto acariciava o rosto dela. Me sentei ao lado dela e apoiei a
sua cabeça em meu peito, fiz cafuné na tentativa de acalma-la.
Viviana:
_Cadê a Zoeh?
Bruno: _Com
meus pais.
Viviana:
_Quero ir pra casa... Não gosto desse lugar!
Bruno:
_Quando o médico disser que você pode ir eu te levarei.
Viviana: _Tá
bem! (Suspirou) Canta pra mim?
Bruno: _Que
música?
Viviana: _Escolhe!
Bruno:
_“Diga por que choras se eu te quero tanto/ Se a minha vida sempre foi te amar/
Diz qual o motivo/ Qual é o seu medo/ Se em meus pensamentos quero mais que um
beijo/ Tenho tantos sonhos deixa eu te contar/ Tenho tantos planos se você
ficar/ Sei que o futuro mora tão distante/ Mais não tenho medo estou apaixonado...”
Cantarolei
algumas músicas no ouvido de Vivi até o médico que havia lhe atendido vir
conversar com a gente sobre o ocorrido.
Médico:
_Viviana, se sente melhor?
Viviana: _Um
pouco!
Bruno: _Tá
tudo bem com ela, com meu filho?
Médico:
_Sim. Por Deus nem ela e nem o bebê sofreram sequelas.
Bruno: _Mas
e o sangramento que ela teve?
Médico:
_Provavelmente foi devido à brutalidade do ato sexual.
Viviana:
_Meu filho não sofreu nada né?
Médico:
_Não, e nem você. Mas recomendo um acompanhamento com psicólogo porque
acontecimentos como esses costumam deixar traumas.
Bruno: _Pode
deixar doutor.
Médico:
_Bom, ela já pode ir pra casa. (Sorriu gentilmente)
Bruno:
_Obrigado.
Viviana:
_Obrigada!
Médico: _Não
foi nada. É pra isso que vivo.
O médico
saiu, fechando a porta atrás de si. Dei um beijo em Vivi que se levantou, com
dificuldade, para se vestir, quis ajuda-la, mas ela dizia que queria fazer isso
sozinha. Fiquei a observando pronto para ajuda-la se fosse necessário. Assim
que ela terminou de se vestir a abracei pela cintura e fomos para o
estacionamento. Entramos no carro e segui para nossa casa, ao chegar lá deparei
com minha mãe dormindo no sofá com Zoeh no colo. Ajudei Vivi a ir para nosso
quarto, depois peguei minha filha no colo e levei para seu quarto e fui acordar
minha mãe.
Bruno:
_Mãe... Acorda!
Regina: _Oi
filho. Como a Vivi tá?
Bruno: _Tá
abalada, mas graças a Deus não sofreu nenhuma sequela física.
Regina: _E o
meu neto?
Bruno:
_Também está bem. O médico disse que a Vivi vai precisar de um tratamento
psicológico, mas isso eu vejo depois.
Regina: _Vou
ficar uns dias aqui com vocês pra ela não ficar tão sozinha.
Bruno:
_Obrigado. Cadê o pai, e todo mundo?
Regina: _Foi
pra casa. A Renata, Liah, Patrícia, Camila e Kiko estão lá em cima.
Bruno: _Vou
cobrar... Tão achando que minha casa é albergue? (Falei tentando descontrair o
clima)
Regina:
_Parece que sim. (Sorriu fraco) Biju, vou dormir que tô cansada.
Bruno: _Vai
lá. Vou levar alguma coisa pra Vivi comer.
Regina: _Tá
bem.
Minha mãe me
deu um beijo no rosto e subiu as escadas em direção ao quarto. Fui na cozinha
peguei algumas frutas, pães, geleias e suco para que Vivi comesse. Subi as
escadas e ao chegar no topo parei em frente ao quarto de minha filha, abri a
porta e vi Zoeh em seu berço e minha mãe deitada na cama que havia ali. Segui
para meu quarto e encontrei Vivi de pijama sentada na beira da cama, me
aproximei dela e coloquei a bandeja ao seu lado. Voltei para trancar a porta
Vivi me olhou e protestou.
Viviana:
_Biju, não tranca a porta.
Bruno: _Por
quê?
Viviana:
_Por nada... Só não tranca, por favor!
Bruno: _Tá
bem.
Senti receio
em sua voz. Coloquei a chave na prateleira que havia perto da porta e voltei
para o lado de Vivi.
Bruno: _Come
um pouco que vai te fazer bem.
Viviana:
_Não quero.
Bruno:
_Então come pelo nosso filho.
Viviana: _Tá
bem! (Suspirou)
Bruno: _Ei
moleque, o pai te ama! (Falei me aproximando da barriga)
Viviana:
_Neném, desculpa a mamãe pelo que acontece... Não tive como evitar. (Falou
chorando)
Bruno: _Já
disse pra você não se culpar. O único culpado é aquele filho da mãe.
Viviana:
_Amor, eu... Eu...
Bruno: _Você
nada! Você é inocente. Temos que denunciar ele.
Viviana:
_Não!
Bruno: _Por
quê?
Viviana:
_Ele disse que se eu falasse pra polícia ele ia me fazer algo ruim...
Bruno: _O
que de pior ele pode fazer? Sei que você tá abalada com o que aconteceu, mas
ele já tem vários crimes na ficha, esse só vai pesar mais.
Viviana:
_Vou pensar. Prometo.
Bruno: _Tá
bem. Agora me conta desse neném.
Viviana: _É
um meninão... Vai ser parecido com o pai.
Bruno: _Cadê
o exame pra eu ver?
Viviana: _Tem
uma cópia na minha bolsa.
Me levantei
para pegar o exame em sua bolsa e me emocionei ao ver que teria um filho, um
meninão na minha casa. Senti lágrimas correrem por minha face, lágrimas de
felicidade. Dobrei o papel e coloquei na mesinha de cabeceira e peguei Vivi no
colo, a enchendo de beijos.
Cont...
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